Texto Aula 02

 A funçao da TIC no processo de ensino aprendizagem na perspectiva cognitivista

No domínio da aprendizagem assistimos a uma evolução desde as correntes comportamentalistas às cognitivas. Beltrán (1993) e Mayer (1992) expressam tal movimento através das seguintes metáforas de aprendizagem:

  • - Aprendizagem como aquisição de respostas. Ilustra a corrente comportamentalista a qual encara a aprendizagem numa lógica associacionista, mecânica e repetitiva. O aluno é visto como um sujeito passivo e o professor um conhecedor e dispensador de estímulos e reforços. A aprendizagem é observável e controlável através de um programa de estímulos e respostas. Ao prescindir do contributo de variáveis internas (cognitivas e motivacionais, nomeadamente), o ensino limita-se a cuidar da apresentação da informação e a organizar as contingências de reforço que facilitem a sua aquisição, assim como dos comportamentos desejados (Rosário & Almeida, 2005).
  • - Aprendizagem como aquisição de conhecimentos. Refere-se à etapado neocomportamentalismo e do processamento de informação. Abarca a centração no estudo dos processos mentais e dos mecanismos internos subjacentes à conduta humana e a passagem ao estudo da aprendizagem especificamente humana. Engloba também a metáfora “mente-ordenador”, a inteligência artificial e o desenvolvimento dos armazéns de memória. A aprendizagem e o comportamento são lidos como uma interacção com o meio e resultado de conexões entre estruturas mentais (esquemas). Neste sentido, aprender consiste na aquisição de novos esquemas visando a redução incerteza. O sujeito é percebido numa dimensão cognitivista controlo absoluto sobre o seu processo de aprendizagem, à imagem de um computador. De acordo com esta perspectiva, o ensino deve orientar-se para a aquisição de conhecimentos por parte dos alunos, sendo esta a medida da aprendizagem realizada (Barros & Barros, 1996; Barca et al., 1997; Mayer,1992).
  • - Aprendizagem como construção de significados. Esta última etapa da metáfora diz respeito a concepções como significado, construtivismo e modificabilidade cognitiva. O sujeito é considerado como mais activo e autónomo, tornando-se gradualmente gestor dos seus próprios processoscognitivos. O aluno não se limita a adquirir conhecimentos, mas constrói osconhecimentos com a ajuda e apoio de professores e materiais usando aexperiência para compreender o novo. O professor fornece as pistas e chavespara essa construção dos conhecimentos. Promover competências deaprendizagem e estimular a autonomia, o envolvimento responsável na tarefa éa ideia-base desta última fase do processo.

As Tecnologias de Informação e Comunicação actualmente aplicadas no ensino são
diferentes dos computadores de inspiração behaviorista que prevaleceram durante muito
tempo, ainda que alguns os utilizem na sala de aula de forma (in)consciente, segundo esta
perspectiva. Para muitos investigadores os novos ambientes multimédia possibilitam a
descoberta pessoal e a experiência concreta, constituindo ferramentas cognitivas com as
quais as crianças podem agir e pensar. As suas potencialidades radicam no impacto que
podem ter na comunicação dentro da sala de aula ao possibilitarem a vários alunos
colaborem e interagirem a distância numa mesma tarefa; podendo constituir também uma
força potencial de mudança na forma de ensinar e podem ainda afectar a forma de
compreender, de ler e construir conhecimento (Legros & Crinon, 2002).

A clássica definição de aprendizagem, por parte da psicologia, como uma
modificação do comportamento é o resultado da valorização que alguns investigadores
deram ao aspecto externo da modificação do comportamento, enquanto outros destacam a
construção pessoal. Se para uns o essencial é o resultado do processo, para outros é o
processo de aprendizagem que conta.

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